O Dia Nacional da
Consciência Negra, comemorado nesse 20 de novembro é muito mais do que
um feriado. É uma das tantas oportunidades de reflexão para a real
formação estrutural da sociedade brasileira. Esse dia, celebrado em
memória de Zumbi dos Palmares e Dandara, herói e heroína do povo
brasileiro, reforça as lutas contra as tantas formas de racismo que
trabalhadores e trabalhadoras confrontam em suas rotinas.
Infelizmente, segundo
dados divulgados pelo Dieese (Departamento Intersindical de
Estatísticas e Estudos Socieconômicos), no Brasil um trabalhador negro
ganha em média 36,11% a menos do que um trabalhador não negro.
Na região sul, o
Paraná é o estado onde há a maior concentração de população negra (cerca
de 28%), segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatísticas). "E essa discriminação salarial, apontada pelo Dieese,
ocorre com frequência em muitas empresas paranaenses", lembra o
presidente da UGT-PARANÁ Paulo Rossi.
Na pesquisa do Dieese, o segmento de negros é composto por pretos e pardos e o de não negros engloba brancos e amarelos.
Em São Paulo, por
exemplo, em 2011 e 2012 a proporção de ocupados negros era de 67,4% na
Construção Civil, nos empregos de pedreiro, servente, pintor, caiador e
trabalhador braçal. Para os não negros, esse porcentual era de 52,6%.
Da mesma forma, os
não negros eram 22,8% nos Serviços em São Paulo, nos empregos de
faxineiro, lixeiro, servente, camareiro e empregado doméstico. Para os
não negros, o porcentual era de 11,1%.
Isso mostra, diz o
estudo, que os negros se concentram nas ocupações de menor prestígio e
valorização, consequentemente as de salários mais baixos. "O problema é
falta de oportunidades iguais para negros e não negros para se alcançar
postos de trabalho mais valorizados", disse a economista Lúcia Garcia,
coordenadora do Sistema Pesquisa Emprego e Desemprego (Sistema PED) do
Dieese.
Além disso, os negros
têm mais dificuldades de chegar a cargos de direção e planejamento. No
caso de São Paulo, por exemplo, apenas 5,7% dos negros ocupavam esses
cargos no biênio 2011-2012 ante 18,1% dos não negros. Os negros, porém,
eram 61,1% em cargos de execução e 24,7% nos de apoio, na comparação com
52,1% e 23,3% dos não negros, respectivamente. "O negro não só enfrenta
seletividade no trabalho como enfrenta obstáculos que o direcionam para
empregos de menor qualificação", disse Lucia.
As informações
analisadas foram apuradas pelo Sistema PED, realizado por meio do
convênio entre o Dieese, a Fundação Seade, o Ministério do Trabalho e
parceiros regionais no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de
Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.
"Temos de lutar
constantemente contra todas as formas de racismo, não apenas as que
atingem e muitas vezes segregam os negros no Brasil. Nosso país é um dos
maiores exemplos mundiais de diversidade étnica e cultural. Temos povos
de todos os continentes exercendo as mais diversas atividades
produtivas. Por isso esse 20 de novembro, muito mais do que celebrar a
consciência negra, é uma data de reflexão dos comportamentos
individuais, sem racismos e discriminações, para o fortalecimento de
uma sociedade brasileira cada vez mais justa para todos”, disse o
presidente da UGT-PARANÁ, Paulo Rossi.
Por Mario de Gomes
Em 20/11/2013
Foto: arquivo UGT
Secretário de Comunicação
João Riedlinger